domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pensamentos

Por que, afinal de contas,
Tem um homem parado na porta?
Por que, afinal de contas,
Ele não vai embora?

Por que ele tem bigode?
Por que ele olha pra cima?
Por que tem os olhos caídos?
E por que está de terno?

Por que ele olhou pra minha mãe?
E por que ela olhou de volta?
Não sei, não sei,
São perguntas sem resposta.

Por que esse cara tem cabelo vermelho?
E por que ele é alto assim?
Por que eles agora vão embora?
Por que eles entraram num carro
E me deixaram sozinho?

Mamãe!, está aí?
Mamãe! Por favor!
Volta!
Volta agora, mãe!
Eu quero você!

Mas ela se fora
E não voltara.
Caíra de amores
E não se arrependera.
Abandonou sua prole
E nem olhou para trás
E a crueldade
Matou sua descendência.
No silêncio da noite,
O bebê chorava,
Berrava a plenos pulmões.
E, como se obedecendo a uma ordem
Tudo silenciou.

No outro dia
Os jornais noticiavam
A maldade
E forneciam os fatos.

E longe, num outro país
Uma mãe chorava
Enquanto olhava
Para o homem de bigode.

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