segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lápis e Papel

Na mão do artista
Canetas e lápis
Numa dança
Dança, entrelaça, desdança
E dança outra vez;

E faz o cinza, faz o preto
Faz o marrom e o branco
Faz o teu carisma
Ficar no papel;

Lápis e papel
Na mão do artista
Viram luz,
Transcendência
Viram amor ou inocência
Viram eu e você;

E lápis risca
- borracha apaga.
Caneta colore
- o papel rasga.

E qual a beleza em ver um papel desenhado?
Nenhuma. A beleza
Está é na pessoa que o desenhou;
O papel
É só uma imitação,
É efêmero,
Não é verdade.
Porque aquilo que é verdade
É verdade sempre.

Xadrez

Vai. Joga.
Não. Vai você.
Não. Joga, rápido!
Vai logo!

Não vou. Vai você.
Eu também não vou.
Pois então ninguém vai.
Acho melhor.

Vai você!
Não.
Por favor.
Não.
Por favor, vai?
Não.
Que saco.

Pois sabe do que mais?
O quê?
Tchau.
Por quê?
Porque sim. Tchau!

Oras, isso tudo por causa de um joguinho de nada?
Se é assim, jogue você primeiro, oras.
Não.

Tchau.
Ah! Então, tchau!
Até nunca mais!
Vai embora.

- Um homem passa pela porta.
A porta bate.
Os dois choram.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Indústria

Aquele que teve a infeliz ideia
De marcar como sua
Um pedaço de terra
E nela instalar
Trabalhadores sem fim
Foi o mesmo que descobriu
Ao longo dos anos
Que o tempo e o cansaço nada eram
Senão pequenos obstáculos para a indústria.

E que mais pode ser
A indústria
Senão processos de dor
Tanto aos humanos
Quanto ao ambiente?
E por que, agora
Pessoas vão embora
Protestam, se rebelam
Contra o processo produtivo?

Oras, foram simplesmente
Algumas centenas de anos
De escravidão.
Nada mais.
Somente anos, décadas e séculos
De sofrimento.
E ainda assim, existem aqueles
Que defendem a tortura
E a exploração.
São os mesmos que governam
E que imperam
Preguiçosamente.

Do canto de seus quartos,
À beira de suas lareiras
Os representantes do capitalismo lucram,
Em silêncio.
Enquanto aqueles, justos, que trabalham,
São explorados e maltratados
E assolados pelo espírito do cansaço.

Tem alguma coisa errada neste cenário.

João Lucas Fernandes de Sá

terça-feira, 17 de maio de 2011

Vento

Sentado num tronco velho
Lendo linhas rimadas
De um idoso poeta.

Sentindo vento nos cabelos, cabelos em pé
Passando entremeios
Entre caminhos.

Tenho muitas possibilidades
Muitas desavenças
Com o destino.

Por que que a gente brigou
De novo?
Por que que esse vento é tão
Gostoso?

Sentado nesse tronco velho
Vendo linhas rimadas
Dum velho poeta.

Sentindo esse vento bom
Que vem lá do fim do céu
E cai de lá como mel
No povo daqui.

Natureza viva, não tá morta
Natureza boa de sentir
Sente esse vento bom, essa alegria
De ser e de vir.

Vem curtir esse vento
Quero te pedir;
Venha aqui.

João Lucas Fernandes de Sá

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Te Esperei

Andei mil milhas de solidão
Pisei terra batida, meu pé no chão
Ando solitário mas não sei por quê
Você foi embora e eu chorei sem querer.

Agora estou sozinho a te esperar
O sol está a pino, deu vontade de chorar
Quero gritar, mas ninguém vai me ouvir
Já que não posso gritar, melhor eu sorrir.

Tenho pendências, roupas penduradas
Amores sórdidos, felicidades roubadas
Sorrisos caídos, pessoas deslumbradas
Corações tortos, medidas tomadas.

Eu sei, o que fiz foi errado, é
Mas também sei,
Que meu coração é malvado, é
Já que meu cupido não faz o que digo
Vou sair e correr, procurar alguém
E ser o que tiver de ser;
Virar o que tiver de virar
E amar quem vier pra amar.

Tenho pendências, roupas penduradas
Amores sórdidos, felicidades roubadas
Sorrisos caídos, pessoas deslumbradas
Corações tortos, medidas tomadas.

Agora estou sozinho a te esperar
O sol está a pino, deu vontade de chorar
Quero gritar, mas ninguém vai me ouvir
Já que não posso gritar, melhor eu sorrir.