quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Atualidade

Simplesmente o nada.
Insignificante e obliterante nada.
E essa é a verdadeira tortura.
Não é ignorância, não é raiva.
É o vazio.
E do vazio provém a dor.

Queria mesmo é ter nascido em melhores tempos,
Onde a definição duma pessoa não é a definição de uma marca.
Onde os sentimentos eram sentimentos
O coração era fraco
E o amor existia.
Onde um ser não faria
O que o sistema faz com todos nós.

Onde você olharia pra mim
Mesmo eu não pertencendo a nenhum padrão
Da sociedade.
Onde eu teria uma chance, um momento fora do padrão
E não seria suprimido.
Onde as pessoas costumavam ser legais, divertidas, carinhosas,
E a variedade fazia o mundo.
Não éramos clones.
Tínhamos mais personalidade, mais amor.

Menos cegueira.

Eu e você costumávamos ser eu e você
Eles eram eles
E nós éramos todos.
Hoje, agora, a sociedade nos oprime
O sistema nos quebra.
E eu choro todas as noites.
Sem ninguém perceber.

Pouco a pouco, vamos nos destruindo
De dentro para fora.
A própria sociedade cuida disso.
E que bom trabalho ela faz!
Garante a opressão
O choro
A repressão.
E o que ganha em troca?
Devoção.
Plena e insuportável devoção.

Parabéns, mídia.
Você, esculpindo corpos perfeitos,
Matou pessoas.
Fez a diversidade decair
A personalidade sumir.
Somos clones.
Obrigado por esse mundo inútil.
Obrigado pelo "progresso".

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