terça-feira, 8 de março de 2011

Carteado

Numa mesa, quatro velhos se encontram
E, com sorrisos, sentam-se e ameaçam
Uns aos outros com olhares tenebrosos
- Que houve, será os nervos dos anos que passam?

Por que será, que nessa mesa
Há falsidade?
Esses velhos, coitados
Puras inverdades.

Um deles requisita um baralho
Ao balconista, com um olhar amedrontador
E o balconista, tremendo, sofredor
Entrega ao mandante o carteado.

O mesmo que fez o pedido
Senta-se e dá as cartas
E de cinco em cinco
Chega a vinte.

Cada velho, vassalo do jogo
Recebe as cartas, e olha em volta
- Não sabe o jogo, mistério -
Abaixa as cartas e faz suas apostas.

A cada vez, valores sobem
Aumentam exponencialmente
Até que um, e simples um
Ganha o jogo, finalmente.

Nesse ínterim
De diversão dos velhos
Que se há em volta deles?
Não sabem, pensam
Carteado, carteado, carteado
Não veem, fixam
Carteado, carteado, carteado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário