Lá na capital
Ele sentava na calçada
E calado, viajava.
Não sabia que tinha
Esse dom
Não sabia que não podia
Não saber
E não sabia
A maravilha
De saber nada.
Era tratado como um cachorro
Por todos
Alienado
Do mundo.
Até que um dia esse cara
Foi se rebelar
Seu silêncio, um pedido mudo
De socorro,
Foi aumentado milhares de vezes
Até ele gritar.
Não pode saber
O que fazer
Primeira vez que ele falava.
Foi na padaria
Da esquina
Comprar cigarro.
Foi na banca
Lá do lado
Comprar jornal.
Aquele cara tem futuro
Ele era mudo
Se libertou
Quer se informar
Não há mais nada que restou.
Ele é um novo homem
Ainda esfarrapado
Mas com sorriso no rosto
Beicinho meio de lado.
Com um cigarro de palha
Na boca
Soltava baforadas
Feito uma chaminé.
Esses são os homens de hoje
Os respeitáveis
Os protestantes,
Mas na verdade
Antes
Não eram nada a não ser
Homens calados.
Ola querido poeta, gostei muito de suas produções.
ResponderExcluirSou amiga de sua tia Elizabet, seus poemas são cheios de imagens, de poéticas e de seu sentimentos de vida, de mundo. Gostei mesmo.
Um cheiro pra você. Ah, coloque ao final dos poemas seu nome!
Roseli Sousa
Belém do Pará